A nossa pequenez
A figura acima mostra bem aquilo que presentemente distingue Portugal de Espanha: a projeção, o arrojo, a grandeza de espírito.Espanha não é grande, já foi como também nós já o fomos, mas quer voltar a sê-lo. Para isso tem tido nos últimos anos uma política de projeção cultural de fazer inveja à França e a Alemanha. A Espanha faz-se sentir presente em toda a Europa, nos cantos mais variados do planeta e, em sítio e lugarejos onde nunca pensei dou comigo a falar em castelhano. Este dinamismo impressiona-me.
Nós temos um instituto, de seu nome Instítuto Camões, que vive de tostões contados, de gestões correntes, com pouca ou nenhuma projeção, com pouca ou nenhuma ambição.
Ainda assim, do alto da nossa sobranceria, agarrados a um qualquer passado glorioso, cegados pela emoção e desprovidos de qualquer racionalidade, acreditamos que nos está prometido um futuro brilhante onde a raça portuguesa se voltará novamente a distinguir na cena internacional. No entanto, nada ou pouco fazemos.
Pelo contrário vivemos agarrados a um passado, e não alargamos horizontes. Quase que me ofende ver a forma como alguns ditos intelectuais da praça pública, defendendo interesses pessoais, ou interesses de outrém, lutam por manter uma grafia na língua portuguesa que está longe de servir os interesses mais alargados da lusofonia.
A defesa da grafia existente faz-se recorrendo às justificações mais absurdas desde questões de ordem estética, ao “papão” brasileiro, tradição, a custos económicos, como se esta fosse a primeira vez que mudamos a nossa grafia, e como se as vantagens económicas a médio prazo não fosses avassaladoras.
A língua portuguesa pode e tem potencial para ser uma língua de relevo internacional, mas para isso é importante que um anão como Portugal seja capaz de colaborar no plano internacional, de igual para igual, com os restantes países que falam português nomeadamente Brasil e Angola. A palavra-chave para alterar o presente estado das coisas é a colaboração, tantas vezes boicotada em Portugal por inveja.
Portugal sozinho não tem capacidade para fazer muito, em verdade tem capacidade para fazer muito pouco. Gostava um dia de poder regressar a Belgrado e ver na rua principal desta cidade um edifício hasteando o nome de um insituto de língua portuguesa, como hoje vejo o Instítuto Cervantes.
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